Jornal da PUC-SP

A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) promoveu, em 31/7, no auditório 333, a aula inaugural de Letramento Racial, ministrada pela professora, pesquisadora e cientista social Maria Ribeiro. A atividade marca o início de uma série de ações que integram a agenda antirracista da Universidade, organizada pela Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias (PRÓ-CRC), em cumprimento ao compromisso assumido com estudantes do movimento estudantil no primeiro semestre de 2025.

Maria Ribeiro é cientista social, mestra e doutora em Comunicação e Semiótica pela própria PUC-SP, com pós-doutorado pela USP. Maria é professora no Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (PPGHDL) da Universidade de São Paulo (USP) e na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE) da PUC-SP. 

Com o auditório lotado por estudantes, professores e funcionários, a docente propôs reflexões profundas sobre o racismo estrutural presente nas instituições, especialmente nos espaços de ensino superior. 

O evento teve início com a fala da professora Myrt Thânia de Souza Cruz, pró-reitora da PRÓ-CRC, que destacou o papel da universidade na promoção da justiça social. “Este é um momento importante para reforçarmos nosso compromisso com uma universidade inclusiva, que reconhece suas responsabilidades históricas e promove ações concretas de transformação”, afirmou a professora Myrt.

Na sequência, o reitor da PUC-SP, professor Vidal Serrano Junior, reforçou a importância da institucionalização da agenda antirracista: “A universidade precisa ser um espaço permanente de combate ao racismo. Essa aula é o ponto de partida de um percurso que não pode ter volta. Estamos comprometidos com uma Instituição que reconhece e enfrenta suas desigualdades.”

Com uma abordagem crítica e repleta de referências a autoras e autores negros, a professora Maria Ribeiro compartilhou reflexões sobre as vivências de pessoas negras em espaços de construção de conhecimento e de convívios sociais. Entre os temas abordados, a professora ressaltou os impactos do racismo desde a infância, as diferenças nas experiências de crianças negras e brancas, e a violência estrutural que incide, em maior escala, sobre a juventude negra. “A vivência de um corpo negro em uma universidade é uma experiência manicomial”, afirmou, provocando reações emocionadas do público presente.

“A George Washington University se dedicou a estudar o nascimento de um milhão e oitocentos mil bebês no estado da Flórida, tendo concluído que crianças negras recém-nascidas tiveram redução na taxa de mortalidade de 39% a 58% quando assistidas por pessoas médicas negras. Vou dizer de outro modo. Crianças negras recém-nascidas tiveram três vezes mais chances de morrer quando cuidadas por pessoas médicas brancas”, com esses dados a cientista política Maria Ribeiro, iniciou a aula.

O aluno do curso de Direito, Athos Soares Banca, participou da atividade e destacou a relevância dos temas abordados para a formação crítica e cidadã dos estudantes da Universidade. “Maravilhosa aula nesse curso de Letramento Racial. A professora Maria, que tem um profundo conhecimento da área, ofereceu uma ótima formação sobre o tema. E, como colocou em sua fala, foi uma grande conquista dos estudantes da PUC-SP, mas esse ainda é apenas um dos passos para conquistar, de fato, um ambiente que seja convidativo e integrado para a comunidade negra da Universidade”, refletiu o estudante.

Ao final da aula, os participantes tiveram espaço para perguntas, comentários e reflexões, ampliando o debate e fortalecendo o compromisso coletivo com a construção de uma Universidade mais justa e antirracista.

Essa atividade integra um conjunto de ações previstas para os próximos meses, reafirmando o papel da PUC-SP na promoção da equidade racial e no enfrentamento ao racismo em todas as suas formas.

Confira abaixo alguns momentos do evento.