No último dia 5/6, data em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, o professor-doutor Jorge Henna, psiquiatra e coordenador do curso de Medicina da PUC-SP, chamou atenção para uma ligação ainda subestimada: os impactos do meio ambiente sobre a saúde emocional e mental. “As condições ambientais influenciam diretamente o bem-estar psíquico das populações, seja por vias biológicas, seja por estresse crônico causado por exposição contínua a poluentes ou ruídos”, afirma Henna.
Estudos recentes apontam 69 tipos de exposições ambientais associados a 83 doenças fatais, incluindo transtornos mentais. Poluição do ar, metais pesados, ruído, radiação, pesticidas e até o desenho urbano de bairros são fatores que afetam não só o corpo, mas também a mente. Há indícios de que esses agentes estejam ligados a quadros de ansiedade, depressão e até síndromes psicóticas.
A poluição do ar é destaque entre os fatores de risco, com 91 associações confirmadas com doenças e mortalidade. A fumaça de tabaco ambiental e produtos químicos tóxicos, como pesticidas, também aparecem com frequência nos estudos como gatilhos ambientais para sofrimento psíquico. “Ainda que as evidências não sejam todas conclusivas, o acúmulo de dados exige políticas públicas integradas entre saúde e meio ambiente”, reforça Henna.
Henna defende a inclusão da abordagem "saúde em todas as políticas", como já preconizada por organismos internacionais. Para ele, a promoção da saúde mental passa por estratégias urbanas, ambientais e sanitárias mais conscientes. “Cuidar do planeta é, também, cuidar da saúde mental coletiva”, conclui.
Dentro dessa linha de conexão entre saúde mental e meio ambiente, no próximo dia 13, o monge tibetano Drupon Lama Dorje compartilhará sua vivência espiritual e filosófica em uma palestra exclusiva, que o curso de Medicina da PUC-SP promoverá, com o título “A felicidade, ecologia e unidade intercultural para a integração do mundo”. O evento acontecerá às 11h30, no auditório Pacaembu, no campus Sorocaba.
